No nosso país, 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto.
O Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo, com 6.950 quilômetros cúbicos do líquido, o que corresponde a 2,78 bilhões de piscinas olímpicas. Apesar disso, o abastecimento de água tratada não chega a todos, mas para, em média, 84% da população. Pode até parecer muito, mas segundo o diagnóstico do abastecimento de água Trata Brasil, significa que quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço básico.
Confira alguns indicadores do abastecimento de água no país
- 14,3% das crianças e dos adolescentes não têm acesso à água potável;
- 29 municípios das 100 maiores cidades brasileiras possuem 100% da população atendida com água potável;
- No ano passado, o consumo médio de água no país era de 152,1 litros por habitante ao dia;
- 5.570 municípios brasileiros são abastecidos por águas subterrânea;
- A tarifa média de água no país é de 4,55 R$/m³;
- A extensão da rede de distribuição de água no Brasil é de 728 mil quilômetros.
Os principais problemas relacionados ao abastecimento de água potável no país se concentram nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2020, na região Norte, apenas 58,9% da população é abastecida com água tratada. No Nordeste, os números apontam que 74,9% das pessoas têm acesso à água potável.
Municípios dos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do Ranking do Saneamento, liderados por Santos (SP). Entre os 20 piores estão municípios da região Norte, alguns do Nordeste e Rio de Janeiro. A última posição é ocupada por Macapá (AP).
Estes dados são um reflexo da desigualdade social presente no país, escancarando a diferença de infraestrutura e investimento entre as regiões, não apenas no saneamento, mas visível também na educação e saúde, por exemplo. Apesar da região Norte abrigar a maior parte dos recursos hídricos do país, possui a menor porcentagem de água tratada.
A falta de água tratada na região Norte afeta diretamente a saúde das pessoas. Levando em conta a taxa de incidência por 10 mil habitantes, são 22,9 internações no Norte por doenças de veiculação hídrica, 19,9 no Nordeste; 17,2 no Centro-Oeste; 9,26 no Sul; e apenas 6,99 no Sudeste, onde a maior parte da população tem acesso à água potável.
Perda na distribuição é um dos principais problemas de abastecimento
Segundo os dados do Trata Brasil, ao distribuir água para garantir o consumo, os sistemas sofrem perdas na distribuição, que na média nacional alcançam 40%. Essa quantidade seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de brasileiros em um ano.
Os motivos para a perda de água no processo de distribuição são diversos:
- erros de medição;
- ligações clandestinas e não cadastradas;
- vazamentos na rede.
Em muitos casos, a perda está diretamente ligada à desigualdade, uma vez que as ligações clandestinas que geram vazamentos localizam-se comumente em construções que também são irregulares, com difícil acesso e até em áreas de proteção ambiental.
Assim, existe tanto uma dificuldade técnica quanto um alto custo de investimento para o serviço de abastecimento legal.
Dados da perda de água tratada durante a distribuição
- 7,5 mil piscinas olímpicas de água potável são perdidas todos os dias;
- O Norte perde 51,2% da água potável;
- O índice de perdas na região Sul é de 36,7%, sendo o menor do país;
- 88% dos poços tubulares são clandestinos no Brasil.
O diagnóstico do abastecimento de água no Brasil reforça a importância de trabalharmos juntos para conseguir levar cada vez mais água de qualidade às comunidades.
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O diagnóstico do abastecimento de água no Brasil é um chamado urgente para todos nós. Apesar de possuirmos a maior reserva de água doce do mundo, ainda há milhões de brasileiros sem acesso à água tratada. Essa desigualdade entre regiões é um reflexo da nossa realidade social.
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